quinta-feira, 26 de setembro de 2013

cansada.


Não sei quanto tempo mais aguentarei esta situação. Não que já não estivesse habituada a estar sozinha, simplesmente não estava habituada a não ter uma escapatória, um local sereno e deserto para onde me escapulir quando as lágrimas começavam a avolumar-se nos meus olhos. Agora limito-me a deambular pelas ruas movimentadas, tentando passar despercebida aos olhos daqueles que poderão ver em mim apenas mais um ser solitário. É isso que sou, apenas não preciso de ninguém a reparar na minha solidão. A questão já não é não ter amigos com quem andar, porque esses ainda vão existindo. A questão é já não ter ninguém em quem confiar, com quem desabafar medos, inseguranças e problemas. Mais do que saber que não posso confidenciar a ninguém o meu maior segredo, é saber que ainda que pudesse, não teria ninguém digno de tal confiança. Ninguém em quem pudesse depositar a minha amizade a 100%, sem reservas. Alguém a quem eu recorresse para um abraço nos meus piores momentos. Mas não tenho. Já nem sei o que isso é. Mas gostava que esse alguém existisse. E que não me traísse, de preferência, arrancando um pedaço do meu coração com as suas ações. "Poucos, mas bons." E é exatamente isso que me falta. Tenho muitas pessoas ao meu redor. Pessoas que se riem comigo, que me ajudam a integrar-me, que me fazem sentir a um certo ponto, pertencente a um grupo. Mas eu preciso de pessoas que dividam as minhas lágrimas, que vejam os meus medos através do meu sorriso ensaiado, que se apercebam que mergulho tão profundamente nos meus livros para fugir ao mundo que me rodeia. Preciso de pessoas que me divirtam quando estou mal, sabendo que estão a tirar-me de um poço fundo no qual caí. Preciso de amizades que se desenvolvam pela confiança e pela partilha e que não se revelem falsas após algum tempo. Dessas estou eu farta. Dessas já eu tive muitas e com cada uma, perdi um pedaço da minha pessoa. Fui culpada, muitas vezes, e optei por afastar-me noutras tantas. Talvez esteja agora apenas a pagar por erros do passado. 
Estou cansada de me sentir sozinha. De sentir que ainda que tenha aquele grupinho com quem me posso encontrar no intervalo, eles sejam um grupo no qual serei sempre a que veio de fora. Com o qual nunca poderei ser totalmente eu, sem hesitações. Estou só esgotada. Farta de me sentir sozinha. Farta de sentir que não tenho ninguém. Farta de olhar para caras que um dia me disseram muito e que hoje só me relembram a dor cá dentro. Farta de ser eu. De ser quem sou e como sou. 

4 comentários:

  1. Nunca te sintas farta de seres tu. Porque só sendo fiel a nós mesmos é que vamos encontrar pessoas que nunca nos abandonem. Nunca te esqueças disso!

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  2. Mas tu tens com quem desabafar! Falando por mim - mas tenho a certeza que todos aqui na blogosfera estão dispostos a ouvir-te -, digo-te que podes contar comigo sempre que quiseres. Eu sei o que é sentirmo-nos sozinhos, a sério que sei. Por isso, no que depender de mim, não voltas a passar pelo mesmo. No meu blog tens o meu mail e o meu skype, e não hesites em falar comigo, terei todo o gosto em ouvir-te e aconselhar-te. Força princesa!

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  3. Estou a fazer um esforço por ser o meu próprio Sol, parece-me que deverias ouvir os teus proprios conselhos princesa (:

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"Se há um livro que queres ler, mas que ainda não foi escrito, então deves ser tu a escrevê-lo."