-Aviso: texto contém conteúdo sexual. Não me responsabilizo pela leitura do mesmo.-
Quando olhei o meu relógio de pulso pela décima vez, apenas dois minutos haviam passado desde que os meus olhos haviam pousado nos ponteiros do aparelho pela última vez. Estava inquieta, desesperada porque voltasses para o calor do nosso leito. Tinhas saído há precisamente quatro horas, trinta e nove minutos e quarenta segundos e nem uma mensagem tinhas enviado. Eu tentara ligar-te, por diversas vezes, mas o teu telemóvel encontrava-se desligado, demonstrando que não só não querias ser incomodado, como evitavas falar comigo. Desta vez ambos tínhamos passado das marcas, tocando em pontos que sabíamos que provocariam a maior das dores no outro. Era essa a maior desvantagem de nos conhecermos tão bem, de partilharmos tudo. Tornavamo-nos presas fáceis, como coelhos encadeados pelos faróis de um carro, perante as jogadas um do outro. Desta vez tu foras o primeiro a virar costas, pegando nas chaves do carro e dirigindo-te à porta, batendo-a com uma força que eu nunca antes vira. Compreendera na altura o quão desgastados estávamos, mas só agora me apercebia do quão longe tínhamos ido. Algo profundo se tinha alterado ao proferir palavras tão maldosas. Eu quisera correr atrás de ti, vociferar que não me virasses as costas, que não fugisses a uma discussão que ambos começáramos. Quisera agarrar-te e argumentar ainda mais, impulsionada pela adrenalina e pela raiva que me consumiam, mas não fora capaz. O meu corpo não havia reagido aos estímulos enviados pelo meu cérebro, paralisando no centro da nossa sala. Não tenho noção de quanto tempo fiquei naquela mesma posição, sentindo-me dormente, enquanto lágrimas se soltavam, escorrendo pelo meu rosto, como que numa marcha fúnebre, mas quando voltei a tomar consciência de mim mesma, estava já agachada no chão, agarrando os joelhos contra o meu peito, chorando ruidosamente. Perguntava-me se desta vez estava tudo terminado, se seria assim o nosso fim, aquele que eu sempre negara e temera. Após duas horas de espera, eu já não conseguia estar quieta, procurando por todo o lado uma distração. Algo que me desviasse a atenção dos ponteiros do relógio que teimavam em estar praticamente parados. Sentia dentro de mim uma impotência tão grande e uma preocupação crescente que me sufocavam, provocando em mim uma sensação de paranóia horrível. Onde andarias tu? E se tivesses um acidente de carro, e se algo te acontecesse? Provavelmente estavas bem, mas como poderia eu saber se durante horas não tinha notícias?
Quando me deitei eram já quatro e meia da manhã e só aí o cansaço levou a melhor. As energias que ainda me restavam, não eram suficientes para me manter alerta, pelo que caí no sono. Não sei ao certo quando voltaste a entrar em casa, pois não ouvi a porta bater, nem o som das chaves a caírem na mesa da entrada. Não te ouvi a tirar a roupa, ficando em boxers, nem tão pouco te ouvi a lavares os dentes na nossa casa de banho. A verdade é que estava envolta num pesadelo horrível quando senti as tuas mãos a pousarem na minha cintura e o calor do teu corpo a aproximar-se do meu. Deslizavas pelos lençóis, encaixando o teu rosto no espaço entre o meu pescoço e os meus ombros. Só aí acordei. A princípio, entorpecida pelos pesadelos sucessivos que me haviam assolado, e passado um segundo, apercebendo-me que eras tu que ali estavas, entrelaçando os teus pés nos meus, unindo o teu corpo ao meu.
"Quero fazer amor contigo." Sussurraste ao meu ouvido, beijando-me o pescoço ao mesmo tempo ávida e docemente.
Virei o meu rosto para ti, vendo refletido nos teus olhos o desejo que te preenchia. Não sabia se todos os nossos problemas seriam resolvidos daquela maneira, mas sabia o quanto eu própria o desejava. Rodei ligeiramente o meu corpo e permiti que te posicionasses sobre mim, alcançando os meus lábios. Todos os teus gestos eram lentos e suaves, dando-me a certeza que não seria apenas sexo puro. Era algo mais. Era amor. Sem pressas, senti a tua mão alcançar a parte detrás do meu soutien, tirando-o do meu corpo enquanto os teus lábios desciam calmamente desde o meu pescoço até à minha cintura, ajudados pela tua língua. As tuas mãos alcançaram as minhas cuecas, descendo-as lentamente, acariciando as minhas pernas, ao mesmo tempo que a tua língua alcançava os meus lábios. Não aqueles com que eu te beijava, mas os outros que passado pouco tempo envolviam o teu sexo duro. Era amor, mas era um amor louco e desenfreado que nos fazia suar enquanto os nossos corpos balançavam ritmicamente, completando-se. Enquanto assumíamos todas aquelas posições que nos forneciam o prazer puro, tudo o que eu sabia era que te amava e que amava ainda mais a junção dos nossos corações. Eu gritava e gemia, cheia de uma sensação de prazer e envolvimento que me fazia esquecer tudo o resto. Quando o êxtase acabou e o nossos corpos caíram, satisfeitos, na cama, enquanto as nossas respirações se regularizavam, eu podia ouvir o bater louco do teu coração. Estavas de volta, junto a mim. E, de repente, tudo se tornou difuso à minha volta e uma só pergunta assolou a minha mente: "Nós chegámos a discutir, ou foi tudo um sonho mau?"
-fictício-
Adorei. Adorei. Adorei!!
ResponderEliminarFiquei inebriada nesta história de amor. Na forma como sentiram. Como se entregaram. Parecia estar a ver-me a mim!
Estás super de parabéns :D
r: Também estou super curiosa! Tu estás neste 1º grupo ou vais estar no 2º?
ResponderEliminarNão te posso dizer se acertaste ou não, mas posso dizer-te que a tua forma de pensar até que pode ser considerada certa :)
Adorei :) Excelente história
ResponderEliminarAdorei :)
ResponderEliminarAmei! Super lindo e profundo! Parabéns! :)
ResponderEliminarr: Bom como tenho pouquinhos concorrentes vou abrir uma excepção! Inscrita :)
Adorei o texto, principalmente por tudo ter terminado bem :)
ResponderEliminarr: Se gostares da época da segunda guerra mundial e do salazarismo vais adorar o livro :)
ResponderEliminarEstou apaixonada pela tua escrita! É mesmo maravilhoso tudo o que escreves ! *.*
ResponderEliminar"Era essa a maior desvantagem de nos conhecermos tão bem, de partilharmos tudo. Tornavamo-nos presas fáceis, como coelhos encadeados pelos faróis de um carro, perante as jogadas um do outro."
ResponderEliminarFoi esta parte que me agarrou completamente porque não podia ser mais verdade. Gostei muito :)
Beijinhos *
Ps: muito obrigada pelas tuas palavras, mesmo!