Eu sou daquele tipo de pessoas que prefere ficar sozinha, sofrer sem companhia, chorar recolhida e nunca desabafar sobre nada. Odeio depositar os meus problemas, questões e angústias noutra pessoa, e essa realidade, que me acompanhou desde muito nova, fez com que hoje me seja muito difícil expressar tudo o que sinto, tudo o que me magoa e destrói. Até mesmo no que toca ao Mr. Nightmare - em parte também pela relação complicada que tínhamos antes de toda esta reviravolta se dar -, nunca fui capaz de desabafar totalmente tudo com ele. Com medo de transparecer a minha infantilidade, com medo de o desiludir, de o magoar, de o fazer arrepender-se de me amar. Durante anos e anos guardei tudo no mais fundo de mim, julgando que seria o melhor a fazer, e, embora hoje saiba que não é, esse fantasma do passado impede-me de me abrir completamente a alguém, por mais que eu queira e saiba que precise. Engulo não só o que tenho de engolir, mas tudo e mais alguma coisa, optando por não expressar o que me corrói.
Quando me encontro em sofrimento, procuro afastar todos os seres curiosos, mesmo reconhecendo que quero partilhar as minhas dúvidas e inseguranças com alguém. Simplesmente porque isso faz parte da pessoa em que me tornei ao longo dos anos e por não conseguir agora mudar isso. Opto sempre por pedir que me deixem sozinha, mesmo desejando mais do que tudo um abraço e um ombro onde chorar. Alguém que não me julgue, que simplesmente lá esteja.
No entanto, quando se trata de outra pessoa - mais próxima ou menos próxima de mim -, o caso muda de figura. Não me permito ver alguém em baixo, de lágrimas nos olhos e em prantos silenciosos, sem dar o meu máximo por ajudar. Sinto sempre a necessidade de me oferecer como um ombro em que aquele ser pode desabafar, talvez por saber o quão difícil é batalhar tudo sozinha. Talvez por saber que não é fácil não poder confiar em ninguém. Mas especialmente por saber, que, até as pessoas mais revoltadas, precisam de um abraço. Porque eu já fui a rapariga que declarava a sua revolta por meio de fugas para longe e lágrimas. E ainda o sou, agora apenas escolho afastar-me silenciosamente, sofrendo em silêncio. E, por isso mesmo, sei o quão importante pode ser um simples envolver de braços forte. Mesmo não podendo ajudar com mais do que palavras apaziguadoras, não suporto ver pessoas de lágrimas nos olhos e a sofrerem sozinhas.
Já guardei em mim muitos segredos desabafados em horas complicadas e fiz o melhor que podia por apaziguar a dor dos outros, oferecendo a minha força. Já ouvi confissões que me despedaçaram o coração, mas esforcei-me sempre por mostrar o melhor lado das coisas a quem só conhecia a perspectiva negra da situação. Não me considero melhor pessoa que ninguém por isso, simplesmente fico melhor comigo mesma por (tentar) ajudar alguém.
Embora saiba já a resposta, pergunto-me ainda incessantemente, o porquê de me ser tão complicado abrir-me com alguém. Deixar alguém conhecer-me na íntegra, ou pelo menos, permitir que alguém tenha a oportunidade de me descobrir. Julgo que todas as desilusões que a vida me trouxe roubaram-me a capacidade de confiar nas pessoas que me rodeiam, e isso fez de mim a pessoa fechada que sou cada vez mais. A culpa é minha, por ter confiado nas pessoas erradas. E por isso, agora opto por não arriscar mais, uma vez que não sei quais são as pessoas certas.
"Dá o melhor de ti às pessoas, só não confies em ninguém. (...) Nem mesmo em mim. Assim, sem amigos, até parece que és uma pessoa má."
-E não é isso mesmo que eu sou?
"Não, não é isso que és."
Entendo-te tão bem pequena s: Se precisares estou aqui *
ResponderEliminarR: Oh, que querida *.* Muito obrigada :3
Eu também sou assim e aos poucos soube que é POSSÍVEL mudar :)
ResponderEliminarR: Acredita que não querias, chegas a um ponto e fartas-te... Porque todos os dias andar a fingir que está tudo bem, mas no fim-de-semana estarmos sozinhas e deprimir, é péssimo! :s
ResponderEliminarSou igual... Guardo tudo para mim, sofro em silêncio e dou tudo o que tenho de bom aos outros.
ResponderEliminarr. Quanto a isto do meu melhor amigo, ele mostrou que não me compreendia, apesar de até me dar razão. Não foi bom nem mau, acho que ainda estou em choque. Ficámos em banho-maria, houve muito que se perdeu e nada se esquece dum dia para o outro, não sei o futuro, nem quero. Estou a esperar para ver...
Eu sou como tu. Ou melhor, já fui mais assim do que agora. A verdade é que depois entrei em depressão e andei medicada. Foi há pouco tempo mas desde então que tento sempre falar e, por norma, quem me ouve é o meu namorado. No entanto, sei que não estou emocionalmente equilibrada porque de vez em quando, sem razão aparente, ao falar normalmente, são capaz de começar a chorar.
ResponderEliminarr: Adorei a pergunta que fizeste! Vou ter de apagar esse teu comentário que é para ninguém ver. Entretanto, quando publicar eu aviso-te ;)
ResponderEliminarObrigada por participares **
R: obrigado querida sofia :')
ResponderEliminarQuanto ao teu texto é sempre complicado sabermos ao certo em quem podemos confiar, no entanto, isso nunca deve ser razão para sofrermos sozinhos. Eu sou da opinião que nunca devemos dar-nos a conhecer por inteiro a ninguém, devemos sempre fazer por guardar um bocadinho de nós para nós mesmos, como se de um segredo se tratasse... se nos expusermos por completo, então depois não haverá mais nada para procurar em nós, e não consigo imaginar coisa mais triste do que uma alma transparente por inteira! Mas também não devemos fazer o contrário, e guardar tudo para nós, porque mais tarde ou mais cedo vamos fcar com tanta tanta mas tanta coisa dentro de nós que não vamos ter força para carregar essa bagagem toda... temos de tentar encontrar um equilíbrio: nem confiar nada, nem confiar tudo, procurar antes confiar certas coisitas e guardar outras para nós. Ajuda sempre a gerir aquilo que nos vai cá dentro e faz de nós pessoas mais felizes :)