Arya seguia por aquela rua inóspita, deixando a suas botas encharcarem-se nas poças que se formavam entre o caixotes do lixo que agora abarrotavam dos dejetos do ano novo. As suas mãos, atabalhoadamente enfiadas nos bolsos do casaco velho que trazia vestido, tremiam, não de frio, mas de ansiedade. Os nervos corroíam-na como ela nunca antes sentira e, pela primeira vez na sua doce idade, o medo derrubava-a. O seu corpo, em tempos ágil e esguio, executava agora movimentos tão escanzelados e conturbados quanto as ideias que ocupavam a sua mente. Quem a visse assim diria que se encontrava bêbada, que o seu sangue se misturara com o álcool sendo agora mais álcool do que sangue, talvez até fruto da festança inerente à mudança do último digito do ano. Mas essa não era a verdade.
Vezes sem conta, Arya rodava a sua cabeça e, com um olhar nervoso, varria a retaguarda na esperança de não estar a ser seguida. Os seus longos cabelos, outrora rubros como sangue, regressavam agora à sua cor natural e estavam num total desalinho nada seu próprio. Quem a conhecia, já não a reconhecia. As últimas semanas haviam levado a melhor e o reflexo no espelho já não se assemelhava à jovem forte e decidida que fora. Agora, para além de paranóica, Arya estava também num estado de total terror, vendo o que mais ninguém aparentava ver.
O seu semblante fazia denotar um cansaço exagerado e acusava a falta de horas de sono; a sua tez era agora muito mais pálida do que um dia fora, exceptuando as enormes olheiras que lhe circundavam os olhos cor do mar e a sua boca envergava ainda vestígios do último maço de tabaco que fumara. Arya tornara-se num fantasma de si própria, mas tudo o que desejava era expulsar aqueles fantasmas de dentro dela.
Quem a olhasse atentamente podia ver os seus lábios a moverem-se incessantemente, pronunciando o que ninguém conseguia ouvir. Falava consigo própria e com aqueles que a perseguiam num desejo imenso de a corromperem. Mas, ao olhar para trás, tudo o que se podia ver era o mais deserto dos becos, pútrido de sujidade e com um odor tão nauseabundo que afastava todos os que ousavam passar ali perto. Era apenas ela e as ratazanas que agora viam no meio do lixo um banquete digno da família real. Era apenas ela e aquelas vozes que a perseguiam.
Vozes que a atacavam, que a subjugavam, que a enlouqueciam. Vozes de corpos que se desvaneciam em frente a toda a gente, mas que ela via muito bem. Vozes de corpos que se desintegravam como fumo quando ela tentava agarrá-los. Vozes que não a deixavam em paz, que sugavam de si toda a lucidez e que enterravam em si o mais empedernido dos males.
"Não, não o posso fazer outra vez. Não... Não posso! Deixem-me em paz!" Dizia a sua voz fraca, forçando um grito que não tinha poder para suster. "Foi um acidente. Eu não queria... Não foi de propósito! foi um acidente!"
"Tu sabes que não foi um acidente" Sussurrava-lhe uma voz repenicada, que terminava a sua investida com um risinho irónico.
"Vá lá, sabes que o queres fazer outra vez... Sabes o bem que te soube.. Tu queres mais!" Ecoava-lhe outra voz aos ouvidos, levando-a a abanar freneticamente a cabeça.
"Então Rya... É só mais um bocadinho de sangue, e tu adoras ouvi-los suplicar pelas próprias vidas.." Dizia uma voz mais grossa. "E adoras ainda mais aqueles gritos que lançam enquanto tu lhes roubas a vida"
"Não, não quero. Não posso..."
E continuava, apressando o passo desalinhado, pela rua que parecia não terminar. Ela não queria matar de novo. Mas sabia que o faria.
Quem a olhasse atentamente podia ver os seus lábios a moverem-se incessantemente, pronunciando o que ninguém conseguia ouvir. Falava consigo própria e com aqueles que a perseguiam num desejo imenso de a corromperem. Mas, ao olhar para trás, tudo o que se podia ver era o mais deserto dos becos, pútrido de sujidade e com um odor tão nauseabundo que afastava todos os que ousavam passar ali perto. Era apenas ela e as ratazanas que agora viam no meio do lixo um banquete digno da família real. Era apenas ela e aquelas vozes que a perseguiam.
Vozes que a atacavam, que a subjugavam, que a enlouqueciam. Vozes de corpos que se desvaneciam em frente a toda a gente, mas que ela via muito bem. Vozes de corpos que se desintegravam como fumo quando ela tentava agarrá-los. Vozes que não a deixavam em paz, que sugavam de si toda a lucidez e que enterravam em si o mais empedernido dos males.
"Não, não o posso fazer outra vez. Não... Não posso! Deixem-me em paz!" Dizia a sua voz fraca, forçando um grito que não tinha poder para suster. "Foi um acidente. Eu não queria... Não foi de propósito! foi um acidente!"
"Tu sabes que não foi um acidente" Sussurrava-lhe uma voz repenicada, que terminava a sua investida com um risinho irónico.
"Vá lá, sabes que o queres fazer outra vez... Sabes o bem que te soube.. Tu queres mais!" Ecoava-lhe outra voz aos ouvidos, levando-a a abanar freneticamente a cabeça.
"Então Rya... É só mais um bocadinho de sangue, e tu adoras ouvi-los suplicar pelas próprias vidas.." Dizia uma voz mais grossa. "E adoras ainda mais aqueles gritos que lançam enquanto tu lhes roubas a vida"
"Não, não quero. Não posso..."
E continuava, apressando o passo desalinhado, pela rua que parecia não terminar. Ela não queria matar de novo. Mas sabia que o faria.
(Preciso das mais sinceras opiniões acerca deste pequena "história")
R: Sou xD Porquê?
ResponderEliminarAdoro, adoro, adoro!
ResponderEliminarEu adorei completamente esta história! Conseguiu captar a minha atenção do principio ao fim e admito que a parte final surpreendeu-me. No principio parecia uma rapariga indefesa mas então... wow! Adorei :)
ResponderEliminar...continuo a achar que tudo aquilo que escreves é magnífico. gostei imenso. :)
ResponderEliminarsim, somos melhores amigos é verdade, mas também é verdade que agora ambos não sabemos muito bem como agir.
p.s: acho que já está ;)
eu gostei mesmo muito, devias continuar ...
ResponderEliminarR. querida deves receber o postal para a semana, como queres que ponha o teu nome? Sophie?
Gostei da história, acho que devias continuar :)
ResponderEliminarR: Ahah, quer quer, mas comigo não tem :p
Adoro !
ResponderEliminarQUERO MAAIS! Já estou como a Arya, ela quer sangue, eu quero ler mais :p
ResponderEliminarAdorei imenso. Gosto muito da fluidez simples com que escreves e que nos conduz. Continua (;;
ResponderEliminarObrigado por teres respondido à entrevista querida, fiquei super feliz (:
Gostei muito! É sombrio mas prende! :o tu escreves maravilhosamente! Continua a escrever! Nunca deixes este mundo! *.*
ResponderEliminarEspero nunca o perder
ResponderEliminarA tua escrita surpreende-me cada vez mais!
ResponderEliminarr: Obrigada pelas tuas palavras querida, mesmo! **
Muito obrigada querida <3
ResponderEliminarEish, eu sinto-me sufocada pelo meu pai lá na escola... E em relação à Cloe xD Ahahah, andamos na mesma escola
ResponderEliminarCativaste-me logo com o nome da personagem - Arya - que é igual ao nome da protagonista do segundo livro que estou a escrever!
ResponderEliminarDeixaste-me curiosa quanto aos motivos para ela matar, quem ela matou, o que fez... Quero mais, mais, mais!!