Histórias de pessoas como eu acabam com um suicídio escarrapachado na primeira página de um qualquer jornal local. O motivo para o meu nome ainda não constar da necrologia? Ainda não reuni forças suficientes para o fazer. Talvez por ainda ser uma sonhadora, uma ingénua crente neste mundo pútrido. Talvez por ainda estar à espera que a vida me surpreende, que me dê motivos para eu ficar. Mas ambos sabemos que em histórias de pessoas como eu, isso não acontece, dando aso a trágicos finais. E sabes o que é que tudo isto significa? Que namoras com um cadáver à espera de acontecer, que caminhas para a solidão que tanto temes. Significa que a tua história vai ser pontilhada com um coração partido e devastado, tal como acontece sempre em histórias de pessoas como tu, pessoas que se apaixonam por pessoas como eu. Vais acabar com uma pergunta a ocupar-te a mente: "Porquê?". Porque é assim que tem de ser, é assim que está escrito naquelas estrelas que se riem de nós lá no alto do céu, das nossas patéticas escolhas. Não é culpa tua, mas minha que não soube contrariar as malhas da minha vida. E porque te digo isto? Porque tu ainda podes reverter as tuas. Ainda estás a tempo de te afastar de mim, de te salvares. Ambos sabemos que vai acontecer, mas tu ainda tens tempo de te resguardar, de te pôr a salvo. Deixa-me terminar a minha história de consciência tranquila ao saber que não magoo ninguém, ao saber que te deixei inteiro. Deixa-me proteger-te uma única vez, como não consegui fazer antes. Deixa-me assegurar que o teu coração não vai ser magoado quando a minha história terminar. Podes ficar com o meu, mas recebe o teu de volta. Para que é que um cadáver quer um coração? Eu amo-te; mas ambos sabemos como isso acaba também.
Sophie, compreendo aquilo porque estás a passar, a sério que sim. Eu já tive os comprimidos amontoados na mesa de cabeceira à espera de serem tomados, mas não o fiz porque não tinha coragem, porque, tal como tu, ainda tinha esperanças de que melhorasse. E queres saber uma coisa? Melhorou. Ainda estou a tentar encontrar o meu propósito, mas ele parece cada vez mais próximo. E eu quase que juraria que vou suceder. E não seria só a ele que magoarias se tentasses algo do género. Então e os teus pais, os teus avós, os teus amigos? Talvez penses que eles não querem saber, mas eu juro que lhes partirias o coração de desaparecesses. E o nosso, na blogosfera, também. E ambas sabemos que esse tal rapaz, se te ama, não se iria afastar. Não vale a pena fingir. Isto tudo para dizer que tens um futuro brilhante à frente e que há um milhão de razões melhores para se estar na primeira página do jornal, como por ser a mais jovem escritora da região, ou por teres ganho um prémio, ou por teres salvo uma vida. Tens isso à tua frente, só precisas de ajuda para conseguir ver. E eu estou sempre aqui se quiseres falar, a sério.
ResponderEliminarNão o faças. Por favor, Sophie, não o faças. Tenta salvar-te desse abismo, ou melhor, se quiseres, tentaremos juntas. Eu estou contigo nesta luta, já to disse e volto a dizer. As coisas que escreveste, essas também me passam pela cabeça, à excepção de que não tenho nenhum namorado que tema magoar. Mas compreendo-te nisso também.
ResponderEliminarAquilo que nos mantém cá é a esperança de um amanhã melhor e a falta de coragem para ir embora hoje. Mas juntas podemos resolver isto, podemos transformar a falta de coragem para ir embora em medo de ir embora porque cá somos felizes e não há razão lógica para irmos. Se os outros conseguem, nós também conseguimos, certo? :)
Eu estou aqui contigo (e estou a ser sincera, eu não digo estas coisas a qualquer pessoa). Quando pensares em ir, lembra-te de mim. Bora lutar juntas para ficar? ;)
Então querida ???? Tens que acreditar que tudo vai melhorar, vais ver.
ResponderEliminarhttp://music-and-food-is-my-life.blogspot.pt/
Os fins por vezes são mais imprevisíveis que aquilo que parecem. Eu "compreendo" essa tua vontade mas, maisuma vez, tens que ser forte. Esses pensamentos muitas vezes pairam na minha cabeça, mas penso no que iria deixar cá, quem, o que iria ser depois e não há ponta que depois reste desse pensamento. Stay strong. Beijinho :)
ResponderEliminarE quem te protege a ti, Sophie? Por vezes temos que saber deixar as pessoas cuidarem de nós também, e acho que aquilo de que precisas é de alguém que bata o pé e insista em ficar ao teu lado, a dar-te força e a mandar o teu cadáver dar meia volta e voltar milhões de anos depois. Força!
ResponderEliminarE quem te garante que o "outro lado" é melhor? Se temos uma vida é porque algo de bom nos espera e deixa-me de coração partido saber que estás a desistir de encontrar esse momento que vai fazer valer tudo. Não baixos os braços, não desistas de ti, do futuro. Acima de tudo não te esqueças que tens muitas pessoas por aqui que gostam de ti. Eu sou uma delas!
ResponderEliminareu não quero ser a pessoa dos clichés: não quero ser o tipo de pessoa que vem para aqui encher-te de lições de moral baratas, de como a vida vale a pena, de como há tantas razões para te manteres firme, de como o dia de amanhã tem mil e uma razões para ser melhor que o de hoje. Não quero ser eu a dizer-te que depende de ti lançares-te na escala desse buraco em que caíste, nem tão pouco me cabe a mim dizer que "vai ficar tudo bem em breve" porque não adianta: não vai ficar tudo bem em breve. Mas pode vir a ficar um pouco mais suportável, não em breve, mas um dia. Um dia, em que não vai estar tudo bem, vai estar tudo um bocadinho menos mal, e nesse dia tu vais querer estar aqui para ver. Eu não acredito em Deus, nem no destino, nem nessas coisas semelhantes, mas acredito (como diz o Gus da culpa é das estrelas e aproveito para te sugerir a leitura porque o teu texto é a cara da Hazel, e tu és a cara da Hazel, porque apesar de uma granada tu és extraordinária) em Algo com A grande, e esse Algo diz-me que apesar de tudo, a vida é brutal. A poesia é brutal, o nascer do sol é brutal, a escrita é brutal, as gomas são brutais, as rosas são brutais, a música é brutal. Não queiras abdicar da brutalidade das coisas que ainda tens pela frente, porque por muito fundos que sejam os teus abismos, eu sei que ainda te esperam grandes montanhas para percorrer.
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