-30 de Agosto de 2013
Se me fosse dada uma arma neste preciso momento, o meu
primeiro instinto seria apontá-la à minha própria cabeça e premir o gatilho.
Sem hesitações, sem segundos pensamentos. Poria termo à minha vida num piscar
de olhos e todo este sofrimento acabaria de uma vez por todas. Todos estes
assomos de culpa, raiva e desilusão deixariam de existir. Não vejo agora outra
maneira de me libertar destas correntes que me prendem, que me extenuam e me
roubam a respiração. Estou amordaçada, sem poder gritar, sem ter a possibilidade
de libertar este pranto sem fim que se acumula no início da minha garganta e
que me sufoca a cada segundo. Gritar ajudaria, presumo. Mas nem tanto quanto
atirar-me de um penhasco. Quase que sou capaz agora mesmo de ouvir as palmas
repercutirem-se no ar à minha volta, vindas das mãos repletas de sangue
daqueles que antes empunhavam uma faca direita às minhas costas. A faca está
lá, não desapareceu. Desapareceram,
melhor dizendo, pois agora vejo com clareza e sei que mais do que uma me
atingiram, trespassando a pele, furando a carne, entranhando-se na minha alma,
roubando-me qualquer réstia de sentimento bom. Mas devo um pedido de desculpas
a alguém antes de me entregar à morte. Não demorará muito, mas é necessário.
Consigo morrer com a raiva e a desilusão em mim, mas não com a culpa, não com
este sentimento que tanto destrói à sua passagem. Preciso de o expulsar, seja
de que forma for. Desculpas não apagam os erros, não cobrem as falhas, não
melhoram nada, por muito que sejam pronunciadas. Não apagam memórias, não
desfazem todo o mal feito, não mudam o passado. Não valem nada. Mas ainda assim
dizemo-las, tentando que de algum modo elas aliviem a dor, o sofrimento,
próprio e alheio. Sempre com a esperança de que façam a diferença, de que
gritem por nós que foram erros inocentes, falhas nunca programadas, que nada
foi propositado. Se resulta? Não, nunca resulta. Mas que hipóteses temos? Agir,
compensar? Como? Receio já não ter tempo para isso. Para mudar o presente e o
futuro, como também não posso agora fazer com o passado. Não, não quero ter
tempo para isso, pois mais tempo significa agora uma dor insuportável, que nem
o mesmo curará. Preciso de me livrar disto de outro modo. Por isso peço
desculpa, por ter falhado, por não ter conseguido evitar tudo, por ter
arriscado tudo. E desculpas também por não ser capaz de viver com isso. Um
pedido de desculpas simples. E agora sei a resposta… Não. Nunca leva com ele a
culpa que nos ocupa, nem nunca anulará a desilusão, mas pelo menos eu tentei.
Posso cair agora, para nunca mais me levantar.
R: Ninguém tem moral estou a ver xD
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