chances, changes

As coisas não vão mudar no que te diz respeito. Eu sei disso. Eu já me convenci disso. Mas vão mudar no que me diz respeito a mim. Pode doer, posso chorar, pode destruir-me por dentro e esmagar este coração já tão desfeito que tenho, mas tenho o direito e o dever de me proteger da desilusão, de me proteger da rejeição e de preservar o pouco respeito que ainda tenho por mim própria. Eu não vou lutar mais. Eu não vou tentar mais. Eu não te vou forçar a fazer nada que não queiras e nem sequer vou mais sugerir que te ponhas em risco por minha causa. Não vou pedir que me faças nenhum favor nem vou esforçar-me por estar contigo. Vou deixar que os dias passem e que os meses se desfaçam sem tentar minimizar a distância entre nós. Vou deixar de passar noites em branco para estar contigo, vou deixar de implorar para te ter comigo, vou deixar de fazer sacrifícios por nós porque já nada disto parece sagrado. Vou desistir e aceitar a dor e o sofrimento que isso me trará. Vou crescer, amadurecer e aceitar que a vida nunca é aquilo que desejamos. E no meio disto tudo, vou desistir de mim, dos meus sentimentos, vou habituar-me à solidão e fechar-me ainda mais em mim própria. E aos poucos, vou deixar de te pertencer. Vai haver um dia em que serei capaz de viver sem ti ou um dia em que não vou aguentar e resguardar-me desta dor longe de ti. Vais perder-me para a minha própria solidão e eu vou perder-me na minha própria dor. Mas aí já nada importará porque já não serás o único cubo de gelo e eu já não terei um coração para ficar destroçado.