little Sophia

Há pessoas que mudam as nossas vidas. Pessoas que cruzam os nossos caminhos e que abrem em nós uma ferida enorme quando vão embora e nos deixam entregues às memórias. Há pessoas que deixam uma marca tão intensa em quem nós somos que se torna impossível deixá-las partir sem ficar de coração apertado e de lágrima no canto do olho. Os meus últimos cinco dias foram pautados por essas pessoas e hoje sei, com uma amargura cruel, que o tempo passa a correr sem que possamos fazer mais do que aproveitar o que temos enquanto ainda o temos. Mesmo sabendo que dentro de um ano terei uma oportunidade de os rever e que até lá não faltarão cartas e emails, sinto que uma parte de mim que nasceu há apenas seis dias partiu com eles. Há sempre coisas que ficam e recordações que me acompanharão para sempre, mas ter consciência da ausência deles no meu dia a dia é algo que dói. Nestes cinco dias passei a ser a "little Sophia" e é com os maiores dos orgulhos que cultivei amigos que mo podem chamar sem me ofender minimamente. Destes cinco dias guardo duas dedicatórias que, não sendo muito elaboradas, são as que, até hoje, mais impacto tiveram em mim. Guardo a promessa das cartas que trocaremos e a certeza de que quando nos voltarmos a encontrar tudo se encontrará intacto. Nestes cinco dias subi o mais alto possível aos ombros daqueles que me abraçaram com a maior das forças e fui arrastada para junto daqueles que também não me queriam deixar. Senti o coração a contorcer-se quando quase não me consegui despedir  e tive de engolir as lágrimas para cumprir a minha promessa de não chorar a partida deles. Tenho saudades, saudades imensas. Mas sei que cheguei ao fim com o coração um pouquinho mais cheio e com um sorriso um bocadinho maior. E não será a distância de dois países a arruinar isso.