"your dreams will get you killed"

Como posso eu ser tão ingénua? Como posso eu ainda crer em coisas, em situações, em atitudes que sei que não vão acontecer? Como posso eu continuar a tropeçar nas minhas próprias ilusões, e a cair nas minhas próprias desilusões? Como posso eu ser tão estúpida ao ponto de ainda ter esperança que me seques estas lágrimas, que me acalmes este coração destroçado? Como posso eu ainda acreditar que isto, que nós, ainda temos solução se continuas a mostrar-me que não? São caprichos meus, são necessidades absurdas que tenho, mas que me mantêm sã, viva, ligada a este mundo. Sem eles, sinto-me a morrer um bocadinho mais a cada dia. Sinto os meus sentidos a desligarem-se de tudo e a vontade de morrer intensifica-se de uma maneira assustadora. De cada vez que me obrigo a parar, de cada vez que me obrigo a dar um passo na direção oposta à do penhasco, faço-o por ainda ser uma eterna sonhadora que crê em quem não deve. Faço-o por ainda teimar em acreditar que tudo será melhor, por ainda querer dar uma oportunidade ao mundo de me surpreender. Mas quando o meu mundo me abandona, quando o meu mundo permanece inabalável nas suas convicções, nas suas atitudes, eu volto a fraquejar. Quando o meu mundo parece não se incomodar com a minha perda, começo a questionar o valor do meu lugar aqui. Um dia vou deixar de questionar tudo. Um dia, quando eu desistir de tudo, as minhas perguntas não serão mais do que leves sopros de ar que se dissiparão para sempre. E até lá, não farei mais do que esperar, um dia de cada vez, rodeada das lágrimas que já sei de cor.