domingo, 28 de setembro de 2014

tears will be tears


As palavras repelem-me e insistem em fechar-se em si próprias para me limitarem o acesso ao seu poder. Quero extrapolar tudo o que tenho preso no peito e sinto que não sou capaz, por mais que tente, por mais que me debata nos confins da minha própria alma. Talvez isto sejam apenas as lágrimas a entorpecerem-me o raciocínio e a prenderem-me a esta ilusão que se começa a condensar na minha cabeça, mas sinto-me a perder as forças para alcançar as metas que estabeleci para mim própria. Sinto-me mais frágil do que nunca e sei que não tenho muito a que me agarrar, por isso deixo-me afundar cada vez mais nesse abismo que me esventra e esfaqueia com a sua crueldade e impiedade. Não posso dizer que não o mereci pois o malvado karma cumpre sempre o seu trabalho; e aqui estou eu, a pagar pelos meus erros, falhas e julgamentos. Há muito que o esperava, mas ainda assim sinto-me exacerbada pelo seu poder, pela sua agressividade, pelo modo como me esmaga o coração e me deixa entregue à escuridão que me vai percorrendo o corpo. Quero falar, expressar-me, dizer tudo aquilo que me consome, mas sinto a minha garganta a fechar-se, sufocando-me, deixando-me prisioneira no meu próprio silêncio. Sei que no dia em que falar voltarei a ser encarada como se de um monstro vil se tratasse e isso aterroriza-me quase tanto quanto esta queda constante. Aterroriza-me porque sempre me esforcei, sempre tentei mudar, ainda que em vão tenha sido. Mas ao aproximar-me do fim da queda, ao ver finalmente o chão fatal por baixo de mim, sei que não me vou importar de o atingir, porque nessa altura, já nada terá o mesmo valor.

1 comentário:

  1. Liberta-te desse sofrimento dizendo bem alto o que te atormenta. Não mereces sofrer.

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"Se há um livro que queres ler, mas que ainda não foi escrito, então deves ser tu a escrevê-lo."