terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Rewind - Missing those guys


Passados cinco dias, chegava então a altura de nos despedirmos, de os deixarmos partir para novas aventuras. Chegava o derradeiro momento em que os nossos percursos se apartariam e o meu coração começava a diminuir, a contorcer-se de uma saudade que já me entorpecia os músculos.
Acompanhámo-los até à estação de comboio, sempre com o pesar da despedida a pender-nos nos ombros e ténues sorrisos que não se atreviam a ostentar-se naturalmente. Confesso que, no meio de todos eles, aqueles de quem mais me custaria despedir eram o M., o P. e o R. e por isso fiquei bastante tempo junto deles. Íamos conversando, lançando piadas ao ar, brincando uns com os outros e, volta e meia, abraçavamo-nos já com ternura e saudade. A verdade é que, por mais que eu me encontrasse triste e abatida, não era capaz de o expressar pois eles não deixavam. Sempre a lançarem piadas sobre a minha altura, a animarem-me, a falarem sobre tudo e nada.
-Are they just idiots or are they trying to cheer me up? - Perguntei ao P, referindo-me aos outros dois.
-They are idiots indeed, but my guess is they don't want to see you sad or crying, so they tell jokes and say stupid things to cheer you up. - Abri um sorriso imenso e deixei-me absorver outra vez pela conversa.
Mais tarde, chegou a altura de tirar uma foto de grupo e, sendo eu uma das pessoas mais baixas, deixei-me ficar na fila da frente, pronta para a fotografia. Enquanto isso, ouvi chamar o meu nome.
-Hey, Sophie! Sophie! Come here! - Gritava o R. Sendo ele e o M. as pessoas mais altas do grupo, encontravam-se o mais atrás possível e chamavam por mim.
-I can't! I'm too small, if I go back there, nobody will see me. - Queixei-me, permanecendo no meu lugar. Mas o M. veio buscar-me, dizendo-me que tinham uma solução para mim. Uma vez no meio deles os dois (e sem conseguir ver nada à minha frente), vi-os ajoelharem-se e, agarrando as minhas pernas, erguerem-me. 
Depois de tirada a fotografia, voltamos a agrupar-nos os quatro a falar. 
Pouco depois, quando nos foi comunicado que o comboio chegaria na linha oposta àquela em que nos encontrávamos, pedi a todos que movessem as suas bagagens para o outro lado, ficando eu à espera do lado onde já me encontrava. Foi então que, depois de pousar a sua própria mala do outro lado, senti o meu corpo a ser erguido enquanto o R. me punha ao ombro e me carregava até ao outro lado.
-You'll come with us, we don't want to leave you! - Ouvi-o dizer quando me pousou no chão e tive mesmo de me esforçar para não chorar ali.
Fizeram-me prometer que não choraria a sua partida e, depois de muito me esforçar para não ficar abatida, voltámos a ser absorvidos pela conversa em tom ameno.
Quando o comboio chegou, a confusão instalou-se. Com um grupo tão grande e carregado de malas, ninguém se podia dar ao luxo de despender muito tempo a entrar no mesmo. O R. foi um dos primeiros a entrar para pousar duas malas que trazia consigo, mas, ao fazê-lo, ficou preso lá dentro pela torrente de pessoas que entravam e lhe bloqueavam a saída. Vi a angústia espelhada no seu rosto ao olhar para mim e senti o meu coração apertar-se também por ver a oportunidade de me despedir deles a desaparecer em frente aos meus olhos. Enquanto ele travava aquela batalha, eu despedia-me do P. e do M. com um grande abraço e um sorriso enorme, rezando para que o R. conseguisse sair a tempo. E ele acabou por conseguir, vindo ter comigo para me dar um abraço gigantesco que me deixou sem ar dada a força com que foi dado.
A minha pulseira no seu braço, o meu crachá no bolso do P. e o meu porta-chaves na mão do M. eram as lembranças físicas que levavam de mim enquanto que eu fiquei apenas com o coração cheio, o crachá do P. e umas quantas dedicatórias, que, ainda que breves e sucintas, ainda hoje me fazem sorrir.

Algumas pessoas poderão achar estranho e duvidoso o modo como nos ligámos uns aos outros em apenas cinco dias, sabendo que depois disso poderíamos até nunca mais nos vermos, mas a verdade é que uma boa amizade não pode ser simplesmente tida em conta pela sua duração quando há tanto mais a ser considerado. Cinco dias pode parecer pouco, mas as vivências foram mais do que muitas e a partilha de experiências foi incrivelmente rica. E isso, juntamente com as memórias, já nem a distância nos tira.

2 comentários:

  1. Há certas amizades que não se explicam...
    R:Tens toda a razão, querida, mas é muito mais complicado do que aquilo que se pensa. Obrigada pelo apoio :)

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  2. Que um dia possam voltar a estar todos juntos :)

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"Se há um livro que queres ler, mas que ainda não foi escrito, então deves ser tu a escrevê-lo."